Curso APFH 2021 | Cuidados Farmacêuticos ao Doente VIH

Teve início no passado dia 8 de maio o Curso APFH 2021 | Cuidados Farmacêuticos ao Doente VIH, em formato virtual. O curso foi dividido em 5 módulos e tem como coordenador pedagógico o Dr. Ricardo Correia de Abreu, médico especialista em doenças infeciosas, e como coordenadora a Senhora Presidente da APFH, Dra. Carla Mendes Campos, ambos profissionais da Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano.



Conforme dito pela Dra. Carla Mendes Campos, em entrevista à revista NewsFarma, “Procuramos desenhar este curso com base nas necessidades que eu própria sentia quando recorri ao mestrado, adequando cada um dos temas à realidade do presente e às necessidades da prática farmacêutica”.

O Dr. Correia de Abreu refere na mesma entrevista que foi “uma enorme responsabilidade”, considerando que organizar uma ação nesta área, em termos pedagógicos, “pressupõe conhecer muito bem a matéria, assim como os oradores convidados”. No que aos oradores diz respeito refere ainda “Embora tenhamos experiência em quase todas as áreas, todos nós temos uma área a que nos dedicamos mais, trabalhamos mais e sabemos mais. Essa subespecialização é importante (…) e penso que em Portugal ainda não é devidamente valorizada.”. Foram convidados oradores “com mais know-how e ação de trabalho em áreas específicas. Por exemplo, para abordar os cuidados intensivos tem de ser alguém que está na área e que não apenas passado por essa área”.

“Os oradores escolhidos estão connosco neste curso não só porque sabem muito da temática que vão abordar, mas também porque reconhecemos neles a capacidade e gosto por transmitir a sua experiência e os seus conhecimentos”, acrescenta a Dra. Carla Mendes Campos. “Valorizamos as qualidades técnicas, científicas e pedagógicas e a capacidade de apresentar conceitos teóricos interligados com a sua experiência prática”. A Senhora Presidente da APFH realça “neste curso pretende-se principalmente transmitir a visão prática do que se passa com o doente, a capacidade de responder a questões muito objetivas colocadas pela plateia, nomeadamente pelos farmacêuticos especialistas que trabalham com estes doentes. Essencialmente, convidamos oradores que reconhecem a importância do farmacêutico hospitalar na equipa multidisciplinar e farmacêuticos que desenvolvem trabalho na área. O leque de mais de cerca de 40 intervenientes neste programa científico dará resposta às necessidades dos participantes e serão estimulados momentos de debate muito ricos e profícuos”.

No módulo 1, de dia 8 de maio, começámos por abordar os tipos e subtipos do vírus da imunodeficiência humana, sua etiologia, estrutura, diversidade genética e ciclo de vida. Falámos da importância da vigilância epidemiológica como instrumento para a tomada de decisão e de diagnóstico, patogenia, monitorização laboratorial e história da infeção. O tema da prevenção e profilaxia pré e pós exposição também fez parte deste módulo inicial, assim como a abordagem do estado nutricional, suporte nutricional e malnutrição.

O módulo 2, de dia 29 maio foi dedicado à terapêutica e gestão da medicação, sendo percorrido um caminho desde os princípios gerais e algoritmo de tratamento até à individualização da terapêutica, gestão da polimedicação, reações adversas, toxicidade e interações. O tema da falência terapêutica e resistências também não ficou esquecido e deu-se destaque ao papel do Farmacêutico na otimização e adesão à terapêutica e na consulta farmacêutica ao doente VIH.

Na semana passada foi realizado o módulo 3, no dia 26 maio, onde percorremos o caminho do doente VIH ao longo das várias fases da vida e abordámos temas relacionados com a imunidade, inflamação e infeções oportunistas. Neste módulo foi apresentado o projeto COHMPROMISE V2.0, que visa uma abordagem integrada e multidisciplinar da pessoa que vive com VIH onde são abordados aspetos como a gestão clínica, prevenção da transmissão, outras infeções, vacinação e saúde reprodutiva. Trata-se de um documento da autoria de um painel de peritos de diferentes áreas, estando sob a alçada de um Comité Científico e coordenação da Doutora Ana Rita Silva, infeciologista no Hospital Beatriz Ângelo, também ela oradora neste curso. O trabalho final pode ser consultado em: www.vihda.pt, na área reservada a profissionais de saúde.

Amanhã, 3 de maio, será realizado o módulo 4 onde iremos começar a falar das várias comorbilidades, passando pelos vários sistemas: cardiovascular, respiratório, renal, digestivo, alterações metabólicas e sistema nervoso central. Haverá ainda tempo para discutir casos clínicos relevantes relacionados com as comorbilidades abordadas.

Por fim, no módulo 5, de dia 10 de julho, teremos espaço para discutir a abordagem do doente VIH em cuidados intensivos, do doente transplantado e com doenças neoplásicas.

Por fim, não poderíamos deixar de discutir o impacto da COVID-19 neste grupo de doentes, realçando o papel do farmacêutico na adesão à terapêutica em contexto de pandemia, e haverá tempo ainda para abordar o tema da vacinação no doente VIH/SIDA.

O curso terminará com uma conferência de encerramento sobre o tema: “VIH… e o futuro? A qualidade de vida, a terapêutica e o desenvolvimento da vacina contra o VIH”, proferida pelo Dr. Ricardo Correia de Abreu.

Na visão da Dra. Carla Mendes Campos, os cursos em formato virtual têm a vantagem de chegar a mais pessoas uma vez que quem assiste pode estar em qualquer lugar sem ter de se deslocar presencialmente aos locais dos cursos. Neste curso contamos com uma audiência de mais de uma centena de participantes. “Tentamos realizar os cursos em horário pós-laboral, pois sabemos que os Serviços Farmacêuticos têm poucos profissionais a trabalhar, mas precisam de formação e de estar permanentemente atualizados, sem ter que ficar longe da família”.

A APFH foca-se em “prestar formação de qualidade, de forma segura e o feedback tem sido muito positivo”, reforça a presidente da APFH. “Há quem diga que estamos no caminho certo, que nos soubemos adaptar de forma ágil indo de encontro às necessidades dos associados. Quem está mais longe quer manter os cursos presenciais, quem está mais perto gostava de voltar a rever os colegas. Tudo isto é natural e iremos tentar conciliar todas as sugestões que nos chegam, que felizmente têm sido extremamente positivas”, conclui.